A celebração das Águas de Oxalá é um dos rituais mais sagrados do nosso terreiro. Realizada tradicionalmente no mês de janeiro, ela marca o início do novo ciclo espiritual, invocando a paz, o equilíbrio e a força ancestral do orixá Oxalá.
Durante o ritual, são utilizadas folhas frescas e águas consagradas para lavar os assentamentos e os caminhos sagrados da casa, num gesto de purificação e preparação. As águas são colhidas com reverência, em silêncio ou cânticos, e cada movimento é carregado de sentido.
O branco, a calma e a fé conduzem esse momento, que reafirma os fundamentos do Candomblé como religião de cuidado, disciplina e conexão com o sagrado.
Essa festa é reservada à comunidade do axé, mas também abre caminho para partilhas com convidados em momentos específicos, fortalecendo vínculos e ensinando o valor da água como energia de vida.
A Feijoada de Ogum é uma celebração tradicional do Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá, que une o sagrado e o social em um gesto poderoso de partilha, resistência e identidade. Ogum é o orixá da guerra - do trabalho e da abertura de caminhos, e sua força é celebrada com alimento farto, canto forte e coração valente.
O ritual envolve a preparação da feijoada sagrada com ingredientes tradicionais, rezas e oferendas, respeitando os fundamentos do axé. A comida, após ser consagrada, é distribuída entre filhos, convidados e a comunidade do entorno, cumprindo seu papel espiritual e social.
Essa festa também é marcada por apresentações culturais, música de terreiro e roda de acolhimento. É um momento de afirmação da fé, da cultura afro-brasileira e da solidariedade ancestral, onde a mesa é o espaço de encontro entre o visível e o invisível.
A Feijoada de Ogum integra nosso calendário anual como ato político-religioso, resgatando memórias, fortalecendo vínculos e alimentando o corpo com o axé do orixá que constrói e protege.
A Fogueira de Xangô é uma das celebrações mais simbólicas e emocionantes realizadas no Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá. Dedicada ao orixá da justiça, do trovão e da realeza, essa festa acende o fogo como instrumento de purificação, verdade e força ancestral.
Durante o ritual, o fogo é preparado com folhas, cantigas e orações, criando um ambiente de calor espiritual e conexão coletiva. As pessoas se reúnem ao redor da fogueira para reverenciar Xangô, pedir equilíbrio nas decisões, firmeza no caminhar e luz nos julgamentos.
É um momento de reflexão e retomada da dignidade, onde cada chama representa um pedido, uma cura, uma memória. A fogueira também é espaço de roda, de toque e de aprendizado — onde os mais velhos compartilham histórias e fundamentos com os mais novos.
A festa é aberta à comunidade, valorizando a cultura de matriz africana com dignidade, beleza e acolhimento. A Fogueira de Xangô une fé, memória e identidade, mantendo viva a tradição do povo de axé.
O Olubajé é a celebração dedicada a Omolu, orixá da cura, das doenças, da terra e dos ancestrais invisíveis. No Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá, essa festa é realizada com grande reverência, sendo considerada uma das mais importantes do nosso calendário sagrado.
Durante o Olubajé, é montado um grande banquete ritual com as comidas consagradas a Omolu: acarajé, feijão preto, milho branco, pipoca, batata-doce e outras iguarias preparadas com fundamento. Todos os elementos são organizados em silêncio, com respeito absoluto à sacralidade do momento.
A mesa é montada como um altar coletivo, e os alimentos são entregues em oferenda, representando a abundância, o cuidado com a saúde, a partilha e a honra aos que vieram antes. Após o assentamento das comidas, há momentos de cânticos, danças e partilha com a comunidade.
Omolu é senhor dos mistérios da existência; do tempo e da cura. Seu axé nos ensina sobre a importância da humildade, do silêncio e da escuta espiritual, nos lembrando que curar também é aceitar, respeitar e transformar.
No Olubajé, o Ilê se torna espaço de cura coletiva, sabedoria ancestral e reafirmação da vida como continuidade sagrada.
A Festa das Yabás é uma celebração dedicada aos orixás femininos do panteão africano, conhecidas como as mães do axé. No Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá, essa festa reúne fé, beleza, força e ancestralidade, exaltando o papel das mulheres negras, das mães de santo e das energias femininas que sustentam a tradição.
Yabás como Iansã, Oxum, Obá, Iemanjá, Nanã, Yewá e outras são reverenciadas com cantigas, oferendas, folhas e comidas sagradas. Cada uma com seu elemento, seu caminho e seu ensinamento. Durante o ritual, são preparados seus pratos tradicionais, montados seus assentamentos e compartilhadas suas histórias em roda.
A celebração também envolve dança, indumentárias rituais e oralidade, onde cada filha ou filho homenageia sua mãe espiritual com respeito e devoção. É um momento de cura e pertencimento, em que a comunidade reconhece a importância do feminino sagrado na manutenção da vida, do terreiro e da cultura.
A Festa das Yabás é um ato de resistência, empoderamento e memória, onde o sagrado se manifesta através das mulheres e de todos que carregam no orí, a missão de cuidar, ensinar e transformar.
A Festa de Logun-Edé celebra o orixá da juventude, da realeza e da transformação. Filho de Oxum e Oxóssi, Logun-Edé é conhecido por carregar a leveza das águas doces e a força da mata, sendo representado como um jovem encantado que caminha entre dois mundos com sabedoria e beleza.
No Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá, essa festa é marcada por alegria, doçura e presença ancestral, revelando a importância de acolher o sagrado na juventude e de honrar os caminhos que equilibram força e sensibilidade.
Durante o ritual, são oferecidos alimentos como peixe frito, feijão fradinho e frutas doces, além de cantigas, danças e saudação a sua dualidade. Logun-Edé é ao mesmo tempo ágil e encantador, guerreiro e diplomata, representando também a proteção das crianças, dos adolescentes e dos iniciados mais jovens.
A festa reafirma o compromisso do Ilê com a formação das novas gerações, cultivando saberes de orixá com afeto, firmeza e responsabilidade. É um momento de axé e esperança para o futuro.