“Blog do Ilê Axé Kiambá Oju Oya – Memórias, saberes e encantamentos de um terreiro em movimento.”
Publicado em: 27 de julho de 2025
Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá – Caruaru/PE
Quando a fogueira se ergue, o tempo se dobra.
Xangô recebe o fogo, e a justiça dança entre nós.
A memória queima, purifica e renasce em cada tambor.
Na noite de 26 de julho de 2025, acendemos a Fogueira de Xangô no Ilê Axé Kiambá Ojú Oyá. Foram momentos de axé, espiritualidade e arte. Nossa comunidade se reuniu, como faz há mais de 20 anos, para reverenciar o Orixá da justiça, do trovão e do fogo sagrado.
A cerimônia foi marcada por cantigas, atabaques, rezas, dança afro-brasileira, partilha de comida ritual e muita fé. Com a força do fogo e da tradição, reforçamos nossa missão: preservar, ensinar e celebrar os saberes ancestrais da matriz africana, registrando a presença de Mãe Valença de Oya e Ekeji Andréa de Oya da cidade de Recife, comadre e amiga querida do nosso axé
Somos um Ponto de Cultura certificado pelo MinC, premiados com o Selo ODS Brasil, e atuamos com oficinas permanentes de percussão e dança desde que nos percebemos agentes culturais, todos os sábados e domingos pela manhã.
Esse blog é nosso novo espaço para registrar, compartilhar e expandir a memória viva do nosso terreiro.
Este blog é um convite para caminhar conosco, ler nossos passos, ouvir nossos tambores e manter viva a chama da ancestralidade.
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Odu Iká de Douglas de Oxum - Babakekerê do Ilê Axé Kiambá Oju Oya e Babalorixá do Ilê Axé okân Mimó Oxum Karê
**Orixás e Tradições: A Celebração do Odu Iká de Douglas de Oxum em 2 de Agosto de 2025**
No último dia 2 de agosto de 2025, a comunidade do Ilê Axé Okan Mimó e o Ilê Axé Kiambá Oju Oya se uniram em uma celebração repleta de fé, devoção e amor aos orixás. Neste dia especial, nosso filho de santo, Douglas de Oxum, celebrou seu Odu Iká e a festa de 14 anos de Oxum, uma data que marca a conexão profunda entre os devotos e as energias divinas que guiam suas vidas.
### A Importância do Odu Iká
O Odu Iká é um momento significativo na trajetória espiritual de um filho de santo. Representa a passagem para uma nova etapa de entendimento e responsabilidade dentro da tradição. Douglas, como Babalorixá, recebeu esta bênção com alegria e gratidão, cercado por amigos, familiares e membros da comunidade que estavam lá para compartilhar esse momento inesquecível.
### Uma Tarde de Devoção e Amor
A festa foi marcada por rituais tradicionais, músicas e danças que celebraram a presença de Oxum, a orixá das águas e do amor. Com um altar decorado com flores, velas e oferendas, os participantes se uniram em preces e cânticos, elevando suas energias para honrar Oxum, a mãe de cabeça de Douglas.
Os convidados puderam vivenciar a riqueza das tradições afro-brasileiras, com comidas típicas e trocas de histórias que reforçaram os laços entre a espiritualidade e a cultura. A alegria e a emoção estavam presentes em cada canto, refletindo a união e a força da comunidade.
### Reflexões sobre a Tradição
Celebrar o Odu Iká de Douglas não é apenas uma festa, mas uma reafirmação das crenças que sustentam a vida de muitos. É um momento para refletir sobre a importância de manter vivas as tradições e os ensinamentos dos nossos antepassados. A festa de 14 anos de Oxum é um lembrete de que, mesmo em tempos modernos, a espiritualidade e a conexão com os orixás são fundamentais para a nossa identidade.
### Conclusão
A celebração do Odu Iká de Douglas de Oxum foi uma tarde de alegria, fé e união. A presença de amigos e familiares tornou o evento ainda mais especial, mostrando que, juntos, podemos fortalecer nossos laços e honrar nossas tradições. Que a luz de Oxum continue a guiar Douglas e todos nós em nossas jornadas espirituais.
Entre o sagrado e o político, entre o toque do tambor e a voz que ecoa nos espaços institucionais, o Ilê Axé Kiambá Oju Oya escreve mais um capítulo de sua história na luta pela igualdade racial.
Nos dias 15 a 19 de setembro de 2025, estaremos representados na V Conferência Nacional da Igualdade Étnico-Racial (V CONAPIR), levando as pautas dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Povos de Terreiro para o centro do debate nacional. Eleitos na V CENEPIR DE PERNAMBUCO, que aconteceu em 08, 09 e 10 de agosto de 2025 em Gravatá - PE
Entre os(as) representantes eleitos(as) como titulares estão:
🌿 Mãe Mirian de Xangô
🌿 Mãe Juliana de Yemonja
🌿 Ekeji Wiltandey de Oxum
🌿 Pai Kiambá de Logun-Edé – Sacerdote do Ilê Axé Kiambá Oju Oya
🌿 Mãe Jessica de Oyá
Mas esta história tem raízes profundas. Antes de ocupar este espaço como delegado nacional, Pai Kiambá foi chamado para a militância por dois importantes líderes que também são filhos do Ilê:
✨ Petrucio Cruz – Coordenador do Centro Integrado de Direitos Humanos (CIDH) de Caruaru-PE e Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COPPIR), eleito delegado pelo segmento governamental.
✨ Daphne Ferrão – Vice-Presidente do COPPIR Caruaru, eleita pelo segmento dos povos negros.
Foram eles que abriram caminhos e fortaleceram a consciência política de Pai Kiambá, convidando-o a integrar a luta organizada pela igualdade racial. Hoje, atuamos juntos no COPPIR Caruaru, articulando propostas, construindo políticas públicas e defendendo os direitos de nossa gente.
A V CONAPIR é um espaço democrático e plural, reunindo representantes de todas as regiões do Brasil para debater combate ao racismo, ações afirmativas, preservação do patrimônio cultural e garantia de direitos para os povos e comunidades tradicionais.
Do terreiro para o conselho, do conselho para a conferência nacional — seguimos firmes, porque Axé que caminha junto é Axé que transforma.
No dia 30 de agosto de 2025, último sábado do mês, o Ilê Axé Kiambá Oju Oya realizou mais uma edição do Olubajé, a tradicional Festa de Omolu. Há 21 anos, de forma ininterrupta, este rito sagrado acontece em nosso terreiro, sempre no último sábado de agosto, reunindo comunidade, filhos de santo, amigos e visitantes em uma celebração que une fé, cultura e partilha.
O Olubajé, conhecido como o "banquete do Rei da Terra", é a festa dedicada a Omolu, orixá ligado à cura, à renovação e à transformação. Conta a tradição que, marcado por suas feridas, Omolu foi acolhido e instruído por Nanã, aprendendo com ela os segredos da Terra e das folhas, tornando-se guardião da saúde e da vida. Desde então, sua festa é um grande ritual de agradecimento e de pedido por cura, proteção e equilíbrio.
No Ilê Kiambá, o Olubajé é mais do que um ritual religioso: é também um ato cultural e comunitário. A mesa de comidas sagradas é preparada com cuidado e amor, e a família Ungí — formada por Nanã, Iroko, Ossãe, Oxumarê, Omolu e Yewa — se apresenta, reafirmando os vínculos espirituais e ancestrais que sustentam nossa tradição.
Em 2025, mais uma vez o barracão se encheu de cânticos, palmas e danças, mas sobretudo de partilha e união. Cada prato servido, cada reza entoada, cada gesto de devoção é um lembrete de que a fé se fortalece quando é vivida em comunidade.
Celebrar o Olubajé é manter viva a herança dos povos de matriz africana, é resistir às adversidades e afirmar a beleza da nossa cultura. Por isso, a cada ano, renovamos o compromisso de fazer desta festa não apenas um encontro religioso, mas também um patrimônio cultural de nosso povo em Caruaru e em todo o Brasil.
Atotô, Obaluayê! Que a força do Rei da Terra siga curando, protegendo e guiando nossos caminhos.
V CONFERENCIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL - BRASILIA 2025
V CONAPIR
Entre os dias 15 e 19 de setembro de 2025, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), foi palco da V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (V CONAPIR) — um dos espaços mais importantes do país para o debate e o fortalecimento das políticas públicas voltadas à igualdade racial e aos direitos dos povos tradicionais.
O Ilê Axé Kiambá Oju Oya esteve presente de forma ativa e histórica, reafirmando seu compromisso com a luta e a valorização das tradições afro-brasileiras. A delegação contou com a participação de importantes lideranças religiosas e militantes da causa afro, que marcaram presença e fizeram ecoar as vozes dos Povos e Comunidades de Matriz Africana.
Entre os grandes momentos da conferência, destaca-se a aprovação da Moção de Reconhecimento a Pai Paulo Ifátidê, militante incansável, filho de Logun-Edé e iniciado nos caminhos de Ifá. Pai Paulo é reconhecido nacionalmente por sua trajetória de luta, pela resistência e pela importante contribuição teórica e política ao conceituar e consolidar o termo “Povos e Comunidades de Matriz Africana” no cenário das políticas públicas brasileiras. A moção aprovada em sua homenagem simboliza o reconhecimento coletivo à sua dedicação e legado.
Também participou ativamente da conferência a Ekeji Iláorum, mulher de firme militância, que se destacou nos debates como vice-presidente do COPPIR Caruaru, reafirmando o protagonismo feminino e o compromisso com a representatividade das casas de axé nas instâncias de decisão política.
O Ogan Petrúcio Cruz, representante do governo municipal de Caruaru, também marcou presença, galgando com legitimidade e dedicação o seu espaço na V CONAPIR. Sua atuação é um reflexo da importância da interlocução entre o poder público e as comunidades tradicionais de matriz africana, garantindo que nossas demandas e saberes estejam no centro das políticas de igualdade racial.
A presença da comitiva de Caruaru e do Ilê Axé Kiambá Oju Oya na V CONAPIR representa mais que uma participação institucional — é uma afirmação de identidade, resistência e fé. É o reencontro com a ancestralidade em um espaço de poder, onde cada palavra dita e cada proposta defendida ecoam os tambores da nossa história e a força dos nossos orixás.
O Ilê Axé Kiambá Oju Oya reafirma, com orgulho e responsabilidade, seu compromisso em continuar fortalecendo o diálogo, a luta por direitos e o reconhecimento dos Povos de Terreiro como protagonistas na construção de um Brasil mais justo, plural e equitativo.
Axé a todos os que caminham firmes na trilha da resistência e da ancestralidade!
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